sábado, 21 de abril de 2012

Dica de Filme: O Palhaço


Título: O Palhaço
Diretor: Selton Mello
Principais atores: Selton Mello, Paulo José, Larissa Manoela, Giselle Motta, Moacir Franco, Tonico Pereira
Direção: Selton Mello
Gênero: Drama
Duração: 90 min


SINOPSE:
Benjamin, ou no picadeiro, Palhaço Pangaré, vive em um circo com seu pai e a trupe do Circo Esperança, viajando pelo Brasil e sofrendo as dificuldades de ser artista neste país. Neste cenário que era para ser de alegria, Benjamin descobre ser um palhaço triste e resolve sair do circo e seguir sua vida em outro lugar, porém “Gato bebe leite, rato come queijo e eu sou um palhaço”.
COMENTÁRIO:
Particularmente, eu priorizo muito cinema brasileiro que tem crescido muito, segundo adoro o tema: circo, palhaço, e por fim, vamos combinar que Selton Mello é um artista completo... Pois bem, vamos ao filme...
Perfeito! Selton que escreveu o roteiro, dirigiu e atuou deu um show, tenho a impressão que esse filme foi como se ele tivesse dado a luz a um filho. Os atores convidados não passaram despercebidos... grandes nomes como Paulo José que estava fantástico, Tonico Pereira, Fabiana Karla, dentre outros, abrilhantaram o enredo.
Sem contar a simplicidade da história e dos recursos utilizados, que nesse caso o menos foi mais. Bom texto, boa história... Filme leve e doce para assistir com a família toda!
PS: A participação de Dalton Mello foi muito legal!
Nota: 9. 8

Curtam bastante!

domingo, 8 de abril de 2012

Dica de livros: Dom Casmurro


Dom Casmurro – Machado de Assis

SINOPSE:
“Um homem calado e metido, verdadeiro Casmurro e achava-se muito nobre, quase um Dom, nada mais justo que sua vizinhança o chamasse de Dom Casmurro” e ela “Capitu, dona dos olhos oblíquos e dissimulados”.
A história conta que depois de perder seu primeiro filho Dona Glória fez uma promessa que se o nascesse um filho, ela faria dele um padre em agradecimento a Deus, mas nem tudo é de nossa vontade, Bentinho, seu filho se apaixonou perdidamente por sua vizinha, Capitu. Mesmo tendo se encontrado as escondidas com Capitu por diversas vezes e ambos jurarem amor eterno, Bentinho foi para o seminário onde conheceu Escobar, um amigo que encontrou no seminário e era o único que ele podia contar sobre seu amor por sua vizinha.
Escobar querendo ajudar Bentinho teve a grande idéia que conseguiu tirar o menino do seminário, levar a promessa ao pé da letra; sem mais a obrigação de ser padre, ambos saíram do seminário. Bentinho casou-se com sua amada e seu amigo também fez família, Ezequiel Escobar teve uma filha que colocou o nome de Capitu, e depois de muitas tentativas Bento e Capitu tiveram um filho que colocaram o nome de Ezequiel, e então começaram os problemas.

COMENTÁRIO:
Um livro perturbador e envolvente, Machado de Assis, segura os leitores até o fim com essa narrativa, cada pessoa que lê tem uma visão diferente sobre Bentinho, Capitu e Escobar; mesmo depois de ler passa-se muito tempo pensando se realmente houve traição ou Bentinho era louco?! Tirem suas próprias conclusões!!!
Dizem as más línguas que este romance foi baseado em fatos que o próprio autor viveu, um possível triangulo amoro com a mulher de José de Alencar seu amigo intimo, cujo filho Marcelo de Alencar tem as iniciais de Machado de Assis... Seria verdade? Assim como no livro tudo depende de uma questão de interpretação.
Nota: 10
Boa Leitura!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Dica de filme: Laranja Mecânica


Direção e Roteiro: Stanley Kubrick.
Principais atores: Malcolm McDowell, Patrick Magee, Michael Bates
Gênero: Drama/ Ficção Cientifica.
Duração: 138 minutos. Ano de Lançamento: 1971.


SINOPSE:
O filme Laranja Mecânica se passa na Inglaterra, e conta a historia de um jovem chamado Alex DeLarge, que adorava escutar musica clássica e possuía um gosto pelo estupro e pela violência. O jovem era líder de uma gang de arruaceiros, cujo nome era Druguis, Alex é irreverente, abusa de todos e mente para seus pais para faltar na escola. Certa vez Alex leva sua gang a invadir a casa de um escritor que é golpeado e sua esposa estuprada, enquanto isso Alex canta Singin’in the Rain. O Jovem é capturado durante um assalto, quando é traído por um de seus subordinados da gang, o mesmo que Alex cortou a parte superior da mão direita por ter desrespeitado sua autoridade na gang, Alex é golpeado no rosto com uma garrafa de leite e fica cego por um tempo, na cena do crime, sendo preso.
Logo após ser preso, descobre que a vitima morreu, pelo crime é sentenciado a 14 anos de prisão. Após ter cumprido dois anos de prisão, Alex consegue a liberdade condicional e se submete ao tratamento Ludovico, uma terapia experimental de aversão, desenvolvida pelo governo como estratégia para deter o crime na sociedade. O tratamento consiste em ser exposto a formas extremas de violência, como ver um filme muito violento. Alex é incapaz de parar de assistir, pois seus olhos estão presos por um par de ganchos. Também é drogado antes de ver os filmes, para que associe as ações violentas com a dor que estas lhe provocam. O tratamento o torna incapaz de qualquer ato de violência, bem como de tocar uma mulher nua, porém este não é o fim, o filme faz uma reviravolta de 360º.

COMENTÁRIO:
Como podemos observar, o filme faz uma critica as mudanças extremistas de tratamento comportamental, que além de prejudicar a qualidade de vida ainda são poucos eficazes ao longo do tempo. Vale a pena assistir, mega produção e o ator principal dedicou-se muito para o papel... Embora seja muito antigo, faz com que o telespectador reveja muitos conceitos que são trazidos sobre violência e punição.
Nota: 9.6
Boa pipoca!

dica de filme: "O ilusionista


Diretor: Neil Burger
Principais atores: Edward Norton, Paul Giamatti, Jessica Biel, Rufus Sewell
Gênero: Suspense
Duração: 110min


SINOPSE:
Eisenheim, o famoso ilusionista de Viena, assombra suas platéias com apresentações de seus espetáculos impressionantes, e após uma longa viajem pelo globo, volta a sua cidade natal reencontrando o antigo amor de sua juventude, Sophie, que agora está prestes a se casar com Príncipe Leopold, um cético que quer desmascarar a todo custo as ilusões de Eisenheim. Este volta a se relacionar com Sophie e desperta a ira do príncipe que coloca um inspetor de policia para observar o mágico, mas mesmo diante disso o ilusionista consegue uma grande façanha, fraudando a morte da amada e incriminando o inimigo, ele foge com Sophie num grande numero de ilusionismo e perspicácia, mostrando que quem detém os segredos da verdade tem as ilusões nas mãos, trabalhando pra si.

COMENTÁRIO:
Fantástico! Imagina todo o clima envolvente de Viena nas décadas de 20, o filme é construído em um cenário de magia, paixão e segredos, muitos segredos. O interessante é perceber como nós somos levados a um caminho e depois surpreendidos no fim. Vale a pena parar por 110 minutos para assistir!
Nota: 9

Bom cine!

sexta-feira, 23 de março de 2012

Dica de Livro... "O Caçador de Pipas"


Sinopse:

Amir era um garoto problemático que cresceu no Afeganistão. Sua mãe morreu durante o seu parto, sua relação com seu pai, é formal demais e seu melhor amigo é Hassan, um garoto hazara de lábio leporino, filho do empregado da família. Amir não entendia o afeto que seu pai demonstrava ter por Hassan, afeto esse que resultou numa plástica, paga por ele, para corrigir o defeito de nascença do garoto, quando este fez doze anos.
O amigo de Amir é um dos destaques do anual campeonato de pipas, que marca o início do inverno em Cabul. Amir é campeão na competição e Hassan é um talentoso caçador de pipas, alguém que apanha as pipas caídas para exibi-las como troféus. Com doze anos, Amir finalmente ganha a estima do seu pai por ter vencido a competição...

Comentário:

Um livro emocionante, surpreendente e real, muito real!
Ao ouvirmos os noticiários sobre a guerra do Afeganistão não imaginamos nem um pouco a realidade que circunda este povo... Um livro baseado em uma série de tragédias pessoais e do país que nos leva a refletirmos sobre nossos atos, sobre a omissão e sobre a coragem de voltar ao passado e recomeçar!


Dica: Não assistam o filme, distorce bastante do livro.


Nota: 9,8

sábado, 25 de setembro de 2010

Completo, ilha das flores - filme curta metragem

Documentario Ilha das flores, Fortíssimo!

Estamos em Belém Novo, município de Porto Alegre, Estado do Rio
Grande do Sul, no extremo sul do Brasil, mais precisamente na
latidude 30 graus, 2 minutos e 15 segundos Sul e longitude 51
graus, 13 minutos e 13 segundos Oeste. Caminhamos neste momento
numa plantação de tomates e podemos ver a frente, em pé, um ser
humano, no caso, um japonês.
Os japoneses se distinguem dos demais seres humanos pelo formato
dos olhos, por seus cabelos lisos e por seus nomes
característicos. O japonês em questão chama-se Toshiro.
Os seres humanos são animais mamíferos, bípedes, que se
distinguem dos outros mamíferos, como a baleia, ou bípedes, como
a galinha principalmente por duas características: o telencéfalo
altamente desenvolvido e o polegar opositor. O telencéfalo
altamente desenvolvido permite aos seres humanos armazenar
informações, relacioná-las, processá-las e entendê-las. O polegar
opositor permite aos seres humanos o movimento de pinça dos dedos
o que, por sua vez, permite a manipulação de precisão.
O telencéfalo altamente desenvolvido somado a capacidade de fazer
o movimento de pinça com os dedos deu ao ser humano a
possibilidade de realizar um sem número de melhoramentos em seu
planeta, entre eles, plantar tomates.
O tomate, ao contrário da baleia, da galinha, dos japoneses e dos
demais seres humanos, é um vegetal. Fruto do tomateiro, o tomate
passou a ser cultivado pelas suas qualidades alimentícias a
partir de 1800. O planeta Terra produz cerca de 28 bilhões de
toneladas de tomates por ano.
O senhor Toshiro, apesar de trabalhar cerca de 12 horas por dia,
é responsável por uma parte muito pequena desta produção. A
utilidade principal do tomate é a alimentação dos seres humanos.
O senhor Toshiro é um japonês e, portanto, um ser humano. No
entanto, o senhor Toshiro não planta os tomates com o intuito de
comê-los. Quase todos os tomates produzidos pelo senhor Thoshiro
são entregues a um supermercado em troca de dinheiro.
O dinheiro foi criado provavelmente por iniciativa de Giges, rei
da Lídia, grande reino da Asia Menor, no século VII Antes de
Cristo. Cristo era um judeu.
Os judeus possuem o telencéfalo altamente desenvolvido e o
polegar opositor. São, portanto, seres humanos.
Até a criação do dinheiro, o sistema econômico vigente era o de
troca direta. A dificuldade de se avaliar a quantidade de tomates
equivalentes a uma galinha e os problemas de uma troca direta de
galinhas por baleias foram os motivadores principais da criação
do dinheiro. A partir do século III A.C. qualquer ação ou objeto
produzido pelos seres humanos, frutos da conjugação de esforços
do telencéfalo altamente desenvolvido com o polegar opositor,
assim como todas as coisas vivas ou não vivas sobre e sob a
terra, tomates, galinhas e baleias, podem ser trocadas por
dinheiro.
Para facilitar a troca de tomates por dinheiro, os seres humanos
criaram os supermercados.
Dona Anete é um bípede, mamífero, possui o telencéfalo altamente
desenvolvido e o polegar opositor. é, portanto, um ser humano.
Não sabemos se ela é judia, mas temos quase certeza que ela não é
japonesa. Ela veio a este supermercado para, entre outras coisas,
trocar seu dinheiro por tomates. Dona Anete obteve seu dinheiro
em troca do trabalho que realiza. Ela utiliza seu telencéfalo
altamente desenvolvido e seu polegar opositor para trocar
perfumes por dinheiro.
Perfumes são líquidos normalmente extraídos das flores que dão
aos seres humanos um cheiro mais agradável que o natural. Dona
Anete não extrai o perfume das flores. Ela troca, com uma
fábrica, uma quantidade determinada de dinheiro por perfumes.
Feito isso, dona Anete caminha de casa em casa trocando os
perfumes por uma quantidade um pouco maior de dinheiro. A
diferença entre estas duas quantidades chama-se lucro. O lucro de
Dona Anete é pequeno se comparado ao lucro da fábrica, mas é o
suficiente para ser trocado por 1 k de tomate e 2 k de carne, no
caso, de porco.
O porco é um mamífero, como os seres humanos e as baleias, porém
quadrúpede. Serve de alimento aos japoneses e aos demais seres
humanos, com exceção dos judeus.
Os alimentos que Dona Anete trocou pelo dinheiro que trocou por
perfumes extraídos das flores, serão totalmente consumidos por
sua família num período de sete dias. Um dia é o intervalo de
tempo que o planeta terra leva para girar completamente sobre o
seu próprio eixo. Meio dia é a hora do almoço. A família é a
comunidade formada por um homem e uma mulher, unidos por laço
matrimonial, e pelos filhos nascidos deste casamento.
Alguns tomates que o senhor Toshiro trocou por dinheiro com o
supermercado e que foram trocados novamente pelo dinheiro que
dona Anete obteve como lucro na troca dos perfumes extraídos das
flores foram transformados em molho para a carne de porco. Um
destes tomates, que segundo o julgamento altamente subjetivo de
dona Anete, não tinha condições de virar molho, foi colocado no
lixo.
Lixo é tudo aquilo que é produzido pelos seres humanos, numa
conjugação de esforços do telencéfalo altamente desenvolvido com
o polegar opositor, e que, segundo o julgamento de um determinado
ser humano, num momento determinado, não tem condições de virar
molho. Uma cidade como Porto Alegre, habitada por mais de um
milhão de seres humanos, produz cerca de 500 toneladas de lixo
por dia.
O lixo atrai todos os tipos de germes e bactérias que, por sua
vez, causam doenças. As doenças prejudicam seriamente o bom
funcionamento dos seres humanos. Além disso, o lixo tem aspecto e
aroma extremamente desagradáveis. Por tudo isso, ele é levado na
sua totalidade para um único lugar, bem longe, onde possa,
livremente, sujar, cheirar mal e atrair doenças.
O lixo é levado para estes lugares por caminhões. Os caminhões
são veículos de carga providos de rodas. Quando da realização
deste documentário, em 1989, os caminhões eram dirigidos por
seres humanos.
Em Porto Alegre, um dos lugares escolhido para que o lixo cheire
mal e atraia doenças foi a Ilha das Flores.
Ilha é uma porção de terra cercada de água por todos os lados. A
água é uma substância inodora, insípida e incolor formada,
teoricamente, por duas moléculas de hidrogênio e uma molécula de
oxigênio. Flores são os órgãos de reprodução das plantas,
geralmente odoríferas e de cores vivas. De flores odoríferas são
extraídos perfumes, como os que do Anete trocou pelo dinheiro que
trocou por tomates.
Há poucas flores na Ilha das Flores. Há, no entanto, muito lixo
e, no meio dele, o tomate que dona Anete julgou inadequado para o
molho da carne de porco. Há também muitos porcos na ilha.
O tomate que dona Anete julgou inadequado para o porco que iria
servir de alimento para sua família pode vir a ser um excelente
alimento para o porco e sua família, no julgamento do porco. Cabe
lembrar que dona Anete tem o telencéfalo altamente desenvolvido
enquanto o porco não tem nem mesmo um polegar, que dirá opositor.
O porco tem, no entanto, um dono. O dono do porco é um ser
humano, com telencéfalo altamente desenvolvido, polegar opositor
e dinheiro. O dono do porco trocou uma pequena parte do seu
dinheiro por um terreno na Ilha das Flores, tornando-se assim,
dono do terreno. Terreno é uma porção de terra que tem um dono e
uma cerca. Este terreno, onde o lixo é depositado, foi cercado
para que os porcos não pudessem sair e para que outros seres
humanos não pudessem entrar, o que faria do dono do porco um
ex-dono de porco.
Os empregados do dono do porco separam no lixo aquilo que é de
origem orgânica daquilo que não é de origem orgânica. De origem
orgânica é tudo aquilo que um dia esteve vivo, na forma animal ou
vegetal. Tomates, galinhas, porcos, flores e papel são de origem
orgânica.
O papel é um material produzido a partir da celulose. São
necessários 300 quilos de madeira para produzir 60 quilos de
celulose. A madeira é o material do qual são compostas as
árvores. As árvores são seres vivos. O papel é industrializado
principalmente na forma de folhas, que servem para escrever ou
embrulhar. Este papel, por exemplo, foi utilizado para elaboração
de uma prova de História da Escola de Segundo Grau Nossa Senhora
das Dores e aplicado à aluna Ana Luiza Nunes, um ser humano.
Uma prova de História é um teste da capacidade do telencéfalo de
um ser humano de recordar dados referentes ao estudo da História,
por exemplo: quem foi Mem de Sá? Quais eram as capitanias
hereditárias? A História é a narração metódica dos fatos
ocorridos na vida dos seres humanos. Recordar é viver.
Os materiais de origem orgânica, como os tomates e as provas de
história, são dados aos porcos como alimento. Durante este
processo, algumas mulheres e crianças esperam no lado de fora da
cerca na Ilha das Flores. Aquilo que os porcos julgarem
inadequados para a sua alimentação, será utilizado na alimentação
destas mulheres e crianças.
Estas mulheres e crianças são seres humanos, com telencéfalo
altamente desenvolvido, polegar opositor e nenhum dinheiro. Elas
não têm dono e, o que é pior, são muitas. Por serem muitas, elas
são organizadas pelos empregados do dono do porco em grupos de
dez e têm a permissão de passar para o lado de dentro da cerca.
Do lado de dentro da cerca elas podem pegar para si todos os
alimentos que os empregados do dono do porco julgaram inadequados
para o porco.
Os empregados do dono do porco estipularam que cada grupo de dez
seres humanos tem cinco minutos para permanecer do lado de dentro
da cerca recolhendo materiais de origem orgânica, como restos de
galinha, tomates e provas de história. Cinco minutos são 300
segundos. Desde 1958, o segundo foi definido como sendo o
equivalente 9 bilhões, 192 milhões, 631 mil 770 mais ou menos 20
ciclos de radiação de um átomo de césio quando não perturbado por
campos exteriores. O césio é um material não orgânico encontrado
no lixo em Goiânia.
O procedimento dos seres humanos que recolhem materiais orgânicos
no lado de dentro da cerca da Ilha das Flores é semelhante apenas
em objetivo ao procedimento de Dona Anete no supermercado. No
supermercado Dona Anete troca o dinheiro que trocou por perfumes
extraídos das flores pelo material orgânico; na Ilha das Flores
os seres humanos não têm dinheiro algum; no supermercado dona
Anete tem o tempo que julgar necessário para apanhar materiais
orgânicos mas não há provas de história disponíveis.
(A partir deste momento a câmera se fixa exclusivamente nas
mulheres e crianças no meio do lixo)
O que coloca os seres humanos da Ilha das Flores numa posição
posterior aos porcos na prioridade de escolha de materiais
orgânicos é o fato de não terem dinheiro nem dono. Os humanos se
diferenciam dos outros animais pelo telencéfalo altamente
desenvolvido, pelo polegar opositor e por serem livres. Livre é o
estado daquele que tem liberdade. Liberdade é uma palavra que o
sonho humano alimenta, que não há ninguém que explique e ninguém
que não entenda.

Jorge Furtado, 1988-1989.

domingo, 9 de maio de 2010

Dica de livro...


Ensaio sobre a cegueira


O livro conta a história de pessoas “normais” vivendo seu cotidiano, mas de repente um homem é acometido de uma cegueira branca, fora do comum, logo várias pessoas são contagiadas e as autoridades colocam eles em quarentena num manicômio desutilizado. Desses, ganham destaque o primeiro cego, a mulher do mesmo, uma rapariga, um velho, um menino estrábico, um médico de olhos e sua mulher que durante todo o livro é a única que consegue enxergar tornando-se assim os olhos dos leitores.
A partir do momento em que são trancafiados, eles passam por um processo de desumanização. Com a chegada novas pessoas todos os dias a luta pela sobrevivência passa a ser constante. Graças a um incêndio provocado por uma cega para se vingar de um grupo controlador que abusou de todas as mulheres da quarentena, os cegos do manicômio consegue sair dali guiados pela mulher do medico.
Ao sair, se deparam com algo surpreendente: todos estão cegos. A cidade está um caos e a única que consegue enxergar toda a destruição é a mulher do medico que ainda possui forças para abriga-los em sua casa e ainda buscar alimentos para dar ao seu pequeno grupo o que comer.
Quando todos estão na casa do medico, o primeiro cego volta a enxergar, depois sua mulher, o velho, a rapariga, o menino estrábico e por fim o medico.
O livro de Saramago nos mostra o quanto estamos sujeitos a ser acometidos por essa cegueira social que nos faz desumanos. Onde a luta pela sobrevivência e pelo poder nos faz agir como animais irracionais e viver na podridão.

Autor: SARAMAGO, JOSE
Editora: COMPANHIA DAS LETRAS
Assunto: LITERATURA ESTRANGEIRA - ROMANCES

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O Ato Médico! retirado do Scielo Brasil


Psicologia em Estudo
Print version ISSN 1413-7372
Psicol. estud. vol.11 no.2 Maringá May/Aug. 2006

doi: 10.1590/S1413-73722006000200001
EDITORIAL



O Ato Médico e suas implicações





Neste segundo número de 2006, a revista Psicologia em Estudo apresenta um dossiê sobre Saúde constituído de 15 artigos, os quais instigam à reflexão sobre a relação Psicologia e Saúde a partir de diversos contextos e abordagens.

Entendemos que falar de saúde é, necessariamente, falar de saúde pública, o que significa, a um só tempo, o atendimento à população quanto à prevenção da doença e promoção da saúde e atividades e atuações multidisciplinares.

De acordo com a Carta de Otawa (1986), o paradigma que se delineia quanto à promoção da saúde é o de uma perspectiva interacional, envolvendo vários campos de conhecimento concebidos como produção social, determinados pelos aspectos sociais, políticos, econômicos e culturais.

É exatamente este paradigma que vai nortear as diretrizes e princípios do SUS. O Sistema Único de Saúde visa, assim, ao processo de humanização na área da saúde, buscando superar o enfoque biologicista das práticas em saúde e direcionar essas práticas para uma atuação que inclua os "aspectos sociais que condicionam e determinam a vida, o adoecimento e a morte das pessoas."1

Não obstante, o que temos hoje na área da saúde é um continuado retrocesso quanto às intenções acima mencionadas. Este retrocesso se dá em função da iminência de aprovação, no Senado, do Ato Médico. Desta forma, não há como deixar de mencioná-lo, seja no sentido de esclarecer nossos leitores quanto às suas implicações, seja no sentido de fazer deste editorial um manifesto de repúdio à sua aprovação.

O Ato Médico – Projeto de Lei nº 025/2002, de autoria do ex- senador Geraldo Althoff (PFL- SC – médico pediatra) e atualmente sob a relatoria da Senadora Lúcia Vânia (PSDB- GO) - tem como objetivo regulamentar a Resolução 1627/2001 do CFM, estabelecendo que atividades relacionadas à saúde como diagnósticos ou tratamento passam a ser de exclusiva competência do médico. Ficam assim afetadas ou subordinadas ao médico várias profissões da área da saúde.2

As implicações deste projeto são várias, mas podemos destacar algumas.

Quanto ao SUS, contraria a concepção de saúde como "um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno exercício" (Brasil, 1990)

Considerando-se que a ideologia neoliberal pressupõe o Estado Mínimo e que isto significa acabar com o bem-estar social, isto é, privatizar o que é público, o Ato Médico fere mais uma vez a legislação vigente relativa à saúde, a qual dispõe como dever do Estado garantir a saúde "formulando e executando políticas econômicas e sociais que visem a redução de risco de doenças e de outros agravos, e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para sua promoção, proteção e recuperação" (Brasil, 1990). O Ato Médico priva o cidadão de ter outros atendimentos que não o do médico. Além disso, pressupõe uma reserva de mercado, ao excluir da área da saúde outras profissões que, numa atuação multidisciplinar, podem contribuir para a cura, prevenção de doenças e promoção da saúde.

A Organização Mundial de Saúde lembra que "A saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não consiste apenas em ausência de doença ou enfermidade"3. A saúde mental é um aspecto fundamental da saúde, que permite ao ser humano aproveitar plenamente suas aptidões cognitivas, afetivas e relacionais. Uma boa disposição mental possibilita enfrentar as dificuldades da vida, trabalhar de forma produtiva e contribuir para as ações da sociedade.

Desta forma, o Ato Médico contraria o conceito de que saúde significa bem-estar geral, e não só ausência de doença. O modelo médico embasa-se numa visão de homem enquanto ser natural que se explica pela suas condições biológicas, e a saúde é entendida como contrária a doenças, sendo aquela a condição de adaptação à sociedade, o que equivale à consagração do binômio normal - anormal. Atualmente, com a complexidade e dinamicidade da sociedade, o conceito de saúde vem se modificando, não se estabelecendo somente na condição biológica do homem, mas também na sua constituição e interação social. Sendo assim, a saúde passa a ser conceituada como a condição de enfrentamento do homem diante das diversidades atuais.

Com o Ato Médico parece haver um engessamento do conceito de saúde que nos lembra as atividades de higienismo do século XIX, como forma de normatizar, padronizar e adaptar os indivíduos ao modelo socioeconômico vigente. O modelo curativo deveria ser superado pelo modelo preventivo.

O deputado Dr. Rosinha (2006), ao afirmar que "o avanço de um sistema de promoção à saúde e construção da cidadania depende muito mais de atuação coletiva (atos pela cidadania) dos profissionais do que do individualismo do ato médico"(online), explicita uma das condições fundamentais do neoliberalismo, que é o individualismo. A afirmação do CFM é que o campo das doenças e da saúde é ato privativo do médico. Isto pode significar um olhar dirigido somente para o sintoma da doença, e não para sua causa.

Vamos ao considerado pai do neoliberalismo, Hayek (1987/1944), em sua obra O caminho da servidão. "(...) o sistema de objetivos do indivíduo deve ser soberano, não estando sujeito aos ditames alheios. É esse reconhecimento do indivíduo como juiz supremo dos próprios objetivos, é a convicção de que suas idéias deveriam governar-lhe tanto quanto possível a conduta, que constitui a essência da visão individualista" (p.76) . Hayek considera ainda importante uma sociedade concorrencial, por ela permitir a competitividade; assim o corporativismo é permitido, traduzido, por exemplo, numa classe de profissionais que protege seus interesses através de normas estabelecidas pelo Estado.

A idéia de que o indivíduo ou determinada classe de profissionais se bastem significa abolir qualquer trabalho coletivo. O caráter individual pressupõe a um só tempo a eficiência e a autogestão, que podem se converter em sucesso ou fracasso, pois dependem do indivíduo ou classe.

Neste sentido, acreditamos que boa parte da classe médica ainda não se deu conta de que a autonomia estabelecida pelo Ato Médico também tem um preço. Eles, os médicos, passam a ser os únicos responsáveis pela doença/cura do cidadão, não podendo partilhar dúvidas com outros profissionais. É a afirmação de que uma única classe de profissionais da saúde é capaz de dar conta de toda a complexidade atual. Como será que ela responderá ao momento em que vivemos?

Cremos que devemos ouvir atentamente a proposta do deputado Dr. Rosinha, segundo a qual, ao invés de discutir a definição do que seja o Ato Médico, deveríamos pensar na construção de um código onde a responsabilidade ética seja de toda a equipe profissional que atua sobre o ser humano, e não apenas de uma categoria.4



REFERÊNCIAS

Brasil (1990) Lei 8080 de 19/09/1990 – que dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde. Disponível em http://www.saude.inf.br/legisl/lei8080.htm (Acesso em 29/09/2006).

Dr. Rosinha (Florisvaldo Fier) (2006) Atos pela cidadania. Disponível em http://www.fonosp.org.br/publicar/arquivos/ imprensa/Atos520pela520cidadania.doc. (Acesso em 29/08/2006)

Hayek, F. A. (1987) O caminho da servidão. (A. M. Capovilla, J. I. Stelle & L. de M. Ribeito). Rio de Janeiro: Expressão e Cultura: Instituto Liberal. (Original publicado em 1944)





1 http://www.naoaoatomedico.com.br/paginterna/profis_psicologia.cfm
2 http://www.naoaoatomedico.com.br/index/index.cfm
3 http://www.saudemental.med.br/OMS.htm
4 http://www.amigasdoparto.org.br/mid_2005_02_11_ato.asp